Policial
Dilma Decide Unificar o Combate às Drogas
A presidente eleita, Dilma Rousseff, e o futuro ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, escolheram o delegado Leandro Daiello Coimbra para comandar a Polícia Federal, em substituição ao atual diretor, Luiz Fernando Corrêa. Dilma decidiu ainda transferir a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad) do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) para o Ministério da Justiça. Com a troca, o Ministério da Justiça passa a controlar todas as ações federais de repressão e prevenção às drogas.
A Senad, chefiada até então pelo general Paulo Roberto Uchoa, será comandada por um civil. O nome já foi escolhido: será Pedro Abramovay, atual secretário de Assuntos Legislativos. A troca de endereço e de comando da Senad vinha sendo tentada, sem sucesso, desde a fase final do governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Até o ex-ministro Márcio Thomaz Bastos, um dos mais fortes nomes do governo Lula, perdeu o embate. Os militares não abriam mão da Senad.
- A política de drogas tem que estar casada com a política geral de segurança pública - afirmou Cardozo, ao anunciar o nome do diretor da PF e a transferência da Senad.
Coimbra, de 44 anos, é superintendente da PF em São Paulo desde 2008. Dilma e Cardozo chegaram a um consenso sobre o nome de Coimbra após longas negociações. Estiveram cotados para o cargo o superintendente da PF no Rio Grande do Sul, Ildo Gasparetto, e o diretor de Combate ao Crime Organizado, Roberto Trocon, entre outros. Mas, segundo um interlocutor do ministro, a empatia entre Cardozo e Coimbra, numa recente conversa, foi decisiva.
Até então, o ministro nunca tivera contato com o delegado que se tornará, a partir de agora, um de seus principais auxiliares.
- Não foi uma escolha simples. A PF tem hoje quadros altamente qualificados. Ele comandou várias operações, é uma pessoa de elevado gabarito e com uma relevante folha de serviços prestados à Polícia Federal, e, por essa razão, resolvemos escolher o doutor Leandro - disse Cardozo.
A escolha do diretor da PF é uma das decisões mais delicadas da administração federal. Investigações da instituição podem desestabilizar governos. Inquéritos da PF tiveram forte impacto nas duas últimas eleições presidenciais. A área é tão sensível que a presidente Dilma fez questão de participar diretamente da seleção.
A indicação de Coimbra causou surpresa até entre colegas. O favorito ao cargo era o delegado Gasparetto, que tinha como padrinho político o ex-ministro da Justiça e governador eleito do Rio Grande do Sul, Tarso Genro. Ontem de manhã, o nome de Gasparetto chegou a ser dado como certo para substituir Corrêa. Mas, no final da tarde, Cardozo anunciou que a escolha recaíra sobre o superintendente de São Paulo
Nem o próprio Coimbra acreditava na nomeação. Anteontem, ele apareceu para um almoço com amigos com um guia da cidade de Roma embaixo do braço. Ele acreditava que, depois de passar por São Paulo, seria indicado adido policial na Itália. O ex-ministro Márcio Thomaz Bastos elogiou o novo diretor:
- Ele é um quadro técnico, equilibrado, conhece a máquina da polícia, vai fazer uma grande gestão - disse Tarso.
Atual diretor da PF é cotado para segurança da Copa.
Procurado pelo GLOBO, Coimbra não quis falar sobre a nomeação. Segundo um colega, o delegado só vai se manifestar publicamente na posse, segunda-feira. O atual diretor, Luiz Fernando Corrêa, que tinha linha direta com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, se aposentou e ainda não definiu seu futuro. Ele é cotado para comandar a segurança dos jogos da Copa do Mundo em 2014. Corrêa disse, no entanto, que não tem apego a cargos:
- É preciso acabar com essa tradição de que alguém tem que sair de um cargo agarrado a uma tetazinha. Fechei minha carreira no mais alto posto e com a instituição bem encaminhada. Não negociei nada, ninguém me deve nada - disse Corrêa ao GLOBO
Cardozo confirmou ainda que o atual diretor da Polícia Rodoviária Federal, Hélio Derenne, será mantido no cargo. Derenne está no cargo há oito anos, por indicação do ex-governador do Paraná Roberto Requião (PMDB). O atual ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto, voltará à Secretária Executiva da pasta, cargo que ocupava antes de assumir, no início deste ano, o ministério. O futuro ministro disse que só falta a escolha de um secretário para fechar a equipe, o que deve acontecer ainda hoje.
Fonte: O Globo
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