Policial
Quem é o inimigo?
A Dama de Ferro me chamou na sala dela pra dizer pra eu me instalar logo na sala do barulho. Prefiro ficar na sala da delegada que eu estava substituindo porque ali é bem mais tranquilo pra trabalhar. Se já estou assumindo duas funções será que pelo menos minha sala eu posso escolher? Não. Porque o problema é outro. Ela desconfia dos terceirizados e quer que eu faça uma espécie de vigilância/auditoria naquele setor. Pelas barbas de Judas, Batman!
Sem querer questionar as habilidades em Análise Comportamental da minha Delegada-Chefe, mas sinceramente não sei se o que ela me falou faz algum sentido. Pra mim, ela tem preconceito econômico com a galera que ganha mal no nosso setor. Só isso. Até porque não existe nada acontecendo de concreto. Não que a equipe de policiais saiba. Mas é forçoso admitir que desconfio que meu desconfiômetro apresenta defeito de fábrica. Posso muito bem estar sendo iludida pelo meu lado paternalista (maternalista, no caso), que faz com que eu sempre me identifique com os menos favorecidos.
Nem sei, mas é prudente alertá-los de que tem coisas que acontecem bem na minha frente e eu pateticamente sou a última a saber. É sério! Uma colega que eventualmente me dá carona para o curso que estou fazendo à noite acabou de me dar uma senhora cantada gay e eu nunca imaginava que essa mulher fosse... enfim. Só faltou ela desenhar pra eu poder entender que ela estava me cantando, rosários bentos! Eu sou uma pata completamente sonsa, meu pai tinha razão. Na Academia eu apostava todas as minhas fichas que determinado colega era completamente gay, mas depois eu soube que ele saía desde o início do curso com uma colega casada do meu alojamento! Ou seja.
Mas por outro lado, se eu tivesse que montar uma vigilância em cima de alguém nesta divisão seria no alto escalão, haja vista que uma dormia com o inimigo; e outra tem graves antecedentes na Corregedoria. Isso é o que eu chamo de pressupostos concretos do imperativo categórico kantiano e fundadas suspeitas para uma investigação nesse sentido. Mas não estou afim de fazer isso, não. Tem setores na polícia cuja função é exatamente essa. Só quero provar que, preconceito por preconceito, sou mais os meus! De qualquer forma, já pedi mesa, cadeira e acessórios apropriados pra me mudar pra sala dos terceirizados. Vou ficar lá e deixar a Delegada-Chefe com a sensação de controle que ela precisa ter. Vamos ver até onde ela vai com essa história.
Queria tanto viver a irresponsabilidade de ser casual, mas é complicado trabalhar com essa desconfiança toda. Leio tudo nos mínimos detalhes e não assino nada antes de entender a verdadeira motivação de cada documento. Não posso errar, pois qualquer descuido poderá ser usado contra mim, caso eu descubra mais do que desejo. Já tenho certeza disso.
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