Tenho pavor.
Policial

Tenho pavor.



MSN. Não aguento conversar no MSN, pois não consigo falar com várias pessoas ao mesmo tempo. Eu sei que posso ficar escondidinha lá, mas considero meio falsidade entrar no modo "invisível"... e também detesto imaginar que aquela demora nas respostas da pessoa que está conversando comigo é porque ela está de trololó com mais uma dúzia de gente. E quando alguém "...está digitando uma resposta" e apaga? Isso acaba comigo. Porque sou infantil e fico doente querendo saber o que tinha naquela maledeta frase que fez com que o interlocutor a apagasse. Além disso, não é o meio de comunicação mais seguro, né? Já que até um escoteiro tem acesso a conversações alheias no MSN. Ah, mas é uma pena, pois do contrário minha conta telefônica seria bem menor.

Reunião do sindicato. Será que eu posso pelo menos tentar explicar?! As reuniões do meu sindicato são o caos chupando manga (péssimo trocadilho, mas faz sentido). Sem representatividade, sem liderança e sem inteligência, os profissionais (se é que podemos chamá-los assim) que se metem a nos "unir" não são o que deveríamos chamar de os melhores espécimes da linhagem. Simplesmente, não consigo confiar neles. Queria tanto. A impressão que dá é que nada do que eles tentaram fazer na polícia deu certo, sei lá por quê, então, o jeito foi pleitear uma vaga na diretoria do sindicato, o que já lhes dá direito a um celular full time e de uso ilimitado. Ih, ó... me poupe! Você não sabe mas sou politizada, sim. Demais da conta. E saiba que até a minha alienação é mais sincera que esse engajamento impróprio. E é isso. Não tenho culpa se meu sindicato é patético e se meus líderes sindicais em nada me inspiram.

Carro kinder ovo, chá, unhas desenhadas, fazer declaração de imposto de renda, novela, dar carteirada e não entrar, SBT, e-mails repassados, fila, piercing no dente, filmes de guerra, suco artificial, decoração artificial, colega policial artificial e tudo o mais que seja artificial. Gente que fala pelos cotovelos. Policial frustrado que vive de passado. Posso abrir um parêntese? Me persegue esse tipo. Entra na viatura reclamando da meteorologia e volta maldizendo o trânsito. Absolutamente tudo pra ele está errado e ele vai repetir no seu ouvido como um mantra "Isso vai dar m.". Mas pior que esse é aquele metido a supersafo. Esse é o purgatório. É uma tortura sem fim o sujeito que jura que sabe tudo e que faz e acontece. Você fala uma arte marcial, ele diz que essa não presta e te indica outra na qual ele, por acaso, te conta que é graduado. Você elogia o desempenho do Zé e o chato faz questão de mostrar algum ponto onde o Zé errou. Você traz a informação e ele alega que já sabia e que "não é bem assim", mas daí repete tudo do jeitinho que você acabou de falar! Ele sabe todas as matérias policiais e conhece todos os cursos e treinamentos. Critica todos os manuais, todas as técnicas, todos os livros, todos os filmes. Contesta a doutrina policial francesa, a israelense a americana etc. apenas pelo prazer de contestar e nada mais. Sabe aquele colega que fez uma ponta numa operação badalada e espalha o feito pra todo mundo? Ou o sujeito que esbarrou num grupo tático bacana e diz que já trabalhou com eles? É o que chamo de "policial figurante". E ainda se acha o máximo ao desdenhar dizendo: "Vai aplicar essa téicnica lá na faviela patuvê". Só de pensar meu estômago embrulha. E nem se eu acreditasse em reencarnação esse infeliz me convenceria desse currículo todo que ele arrota ter. Ahtelascá!!! Fecha parênteses!

Discurso de quem cita a mãe que chora no caixão do policial como argumento final. As máximas do Capitão Nascimento: "nunca serão", "pede pra sair", "pega um, pega geral"... Gente, já deu! Juro... que pode ser a Presidenta ali na minha frente, ou o maravilhoso Wagner Moura - o próprio - que se vier com essa droga dessa retórica de novo eu me levanto na hora e vou embora. O cúmulo da combinação infeliz: bermuda surfistinha, pochete, mocassim e um policial armado bebendo e discutindo a questão do desarmamento. É de muito, muito, muito mal gosto. É totalmente cafona! Escrivã alegrinha cheia de sentimentalidades levando cafezinho para o delegadozinho e oferecendo tudo no diminutivo para o chefinho. Pff! Depois reclama...

Ah, já ia me esquecendo! Odeio ter que voltar pra delegacia por puro capricho do meu chefe que não pode me ver feliz. Uma brutalidade porque eu tava numa operação com Jack Bauer... lembram? Mas não vou chorar, pois acabei de receber um elogio escrito pelo chefe do chefe do meu chefe em referência à minha participação naquela operação. Será que é por isso que hoje eu estou assim mais-que-in-su-por-tá-vel?

Chefe... será que eu já posso enlouquecer ou devo apenas sorrir... ou ou ou ou
Não sei mais o que eu tenho que fazer pra você admitir
Que você me adora
Que me acha fo.fa
Não espere eu ir embora pra perceber!

(Letrinha da música da Pitty, com sutis adaptações).



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