Sou a única aluna "civil" neste curso. O volume exagerado da apostila que preciso devorar me deixa feliz. Como se conseguisse me fazer acreditar que é possível vencer esse medo de não ser capaz na hora do pesadelo.
O curso é todo em formato militar. É ministrado dentro de um quartel. Tem provas teóricas, práticas e atuação em situações reais na rua onde também serei avaliada. Sim, operações de verdade acontecendo no mundo real! É disso que estou falando! Porém, se eu falhar, vou virar estudo de caso como "a policial que foi reprovada no curso dos militares". Vira essa boca pra lá, ô... Freddy Kruegger! Isso dói no ego, sabia?
Pra piorar a minha situação, a maioria destas matérias que estou vendo aqui, praticamente pela primeira vez, é arroz com feijão para os demais alunos do curso. Portanto, vou precisar de muita humildade, diplomacia e jogo de cintura, pra conseguir toda a ajuda possível dos meus colegas, porque Freddy me diz que, do contrário, eles vão tomar chá vermelho no meu crânio.
O curso é na casa deles. Os alunos participam das "formaturas" que são uma espécie de briefing, uma reunião formal no início das atividades diárias da vida de um quartel. Então, já aprendi por conta própria algumas coisas sobre ordem unida, cultura militar, patentes militares, o que significam aquelas estrelinhas e botõezinhos... E não pense que é simples porque essas coisinhas mudam de instituição para instituição. Tem também toda uma etiqueta militar que é uma coisa de louco... Mas enfim, pessoas normais assumem logo que não são militares e dane-se, eu tenho altas fantasias de que sou uma agente infiltrada na "caserna" levantando informações com os melhores do ramo. Então meu plano é me entrosar com os "milicos", trocar figurinhas, conquistar o meu "brevêzinho", aprender essa porcaria toda e ter segurança para operar na hora do pega. Brasil!