Policial
A Força de Beltrame
O secretário Estadual de Segurança Pública do Rio de Janeiro, José Mariano Benincá Beltrame, deu nos últimos 4 anos uma notável demonstração de força. Desde que assumiu o cargo, Beltrame se notabilizou por colocar em prática iniciativas que causaram estragos em áreas em geral blindadas contra o poder do Estado. A primeira grande obra de Beltrame foi o combate à corrupção policial, que culminou na expulsão de 850 agentes. Outra importante marca de sua gestão foi a implementação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), que melhoraram significativamente a vida dos moradores das favelas. Por fim, ele é o homem que coordenou as operações que acabaram por enfraquecer as quadrilhas de traficantes que dominam as comunidades pobres do Rio de Janeiro.
Graças à política de combate ao crime, Beltrame é um homem jurado de morte. Atualmente, há 17 ameaças à sua vida sendo investigadas pela polícia – mas elas não foram suficientes para inibi-lo. Seu esquema de segurança pessoal parece menor que o risco que o cerca: Beltrame anda com seguranças de sua confiança (ninguém revela quantos homens foram destacados para a tarefa) e usa carro blindado, mas dispensa armas e colete à prova de balas. Na manhã terça-feira 30, durante a inauguração da UPP do Morro dos Macacos, em Vila Isabel, ele parecia fugir do centro das atenções. No palco montado para as autoridades discursarem, Beltrame se posicionou no fundo, quase invisível. Quando foi chamado para falar ao microfone, foi o mais aplaudido.
Reservado e pouco afeito a vaidades, esse gaúcho de 53 anos é obcecado pela missão de acabar com as quadrilhas de traficantes.“Há dias em que ele chega ao trabalho às 7 horas da manhã e sai de madrugada”, diz o coronel Robson Rodrigues, comandante das UPPs. Períodos de pouco descanso são uma realidade já assimilada. “Nestas situações, é assim mesmo, mais trabalho e menos família”, disse Beltrame à ISTOÉ. Nas últimas semanas, sua rotina tem sido de casa para o trabalho e vice-versa. A mulher, Rita de Cássia, e os três filhos – dois do primeiro casamento e um caçula ainda bebê – também acabam vendo o secretário mais na mídia do que pessoalmente. Beltrame tem passado uma média de apenas de cinco horas diárias em casa. A única coisa que não foi alterada é o hábito de tomar chimarrão antes de ir para a secretaria Nos últimos dias, o secretário tem feito um apelo à sociedade e autoridades: enfrentar o tráfico e a questão das drogas “sem hipocrisia.” Quem consome drogas e lamenta a tragédia carioca como se fosse um simples espectador está incluído na categoria que o secretário gostaria de banir.
Fonte: Revista Isto É - Editora Três
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