MOMENTO "PRONTO, FALEI". PARTE 1

Achei o A Policia Federal, mas não sei o que fazer com ela.

Encontrei nela uma vocação, mas não sei quem mais tem.

Diariamente leio que o índice desistências dos cargos é alto, assim como o índice de insatisfação. A infra-estrutura é precária (em muitos casos), o trabalho é de alto risco e a qualidade de vida piora devido aos conflitos internos.

Passar em um concurso como esse, que é dificílimo, com exigência de nível superior, preparo físico ninja e aprovação na ANP (que atualmente está mais para o BOPE ou SEALS que para o DPF, o que acho bom), ser nomeado e mandado para o INFERNO VERDE e/ou FRONTEIRA não é para qualquer um. Depois disso tudo, ainda ter que enfrentar a realidade de não ser a valorizado pelos próprios colegas, ou pelo ministério do planejamento, é realmente desanimador.

COMO PODE TAMANHA TENTATIVA DE AUTO-SABOTAGEM?

Saber que, apesar da defasagem, há mais de 6 anos não se abre concurso para a grande maioria dos cargos da PF e, dos cargos que abriram vagas, poucos EPF's se capacitaram para a ANP. Em compensação, o DG se da ao luxo de deixar para trás mais de 70 candidatos aprovados em todas as etapas do certame para APF, com exceção do CPF na ANP.

COMO PODE TAMANHA INCOERÊNCIA?

As fronteiras são vastas e o contingente para vigiá-las é pequeno. Temos duas tríplices fronteiras e, em ambas há postos do DPF, mas, novamente, o contingente é insuficiente.

Nossa selva amazônica é inexplorada, mas abriga e camufla membros da FARC.

Na fronteira os problemas são de ordem surrealista, tráfico de humanos, drogas e animais, índios, garimpeiros, guerrilheiros, cangaceiros da nova geração, políticos, banqueiros. Tem de tudo nas operações da PF, menos o que mais deveria. Estrutura, autonomia, funcionalidade e, novamente, contingente.

Os atuais alunos do internato (inédito) na ANP têm pago por cada refeição que fazem dentro e fora da academia, cada peça mínima do uniforme e a maioria do material tático que utilizam no dia-a-dia. Durante metade do mês de abril e de maio eram permitidas 2 saídas noturnas e 1 na hora do almoço durante a semana, para aliviar a tensão do internato (com hora para voltar, claro). Porém, a última semana do mês de abril foi extremamente cansativa com 3 provas em dias consecutivos (quarta, quinta e sexta).Aula sábado até as 12:00 e veio o dia das mães (domingo). Só que os alunos fiaram na ANP em Brasília pois, ainda teriam provas na segunda, terça e quarta da semana seguinte. Resultado. Alunos cansados (já são 3 meses de internato tenso e intenso) e desmotivados (não vou citar as questões que levaram a isso para evitar polêmica, mas a desmotivação é quase geral). Não satisfeitos, os responsáveis disseram que os EPF’s (apenas os EPF’s,) estariam fazendo corpo mole durante as aulas de treinamento operacional e, não só cortaram as saídas durante 2 dos 3 dias da semana , como retomaram as aulas nas tardes de sábado. As aulas dos EPF’s vão até as 17:00 do dia do baile de formatura da turma. Os APF’s já estão com os sábados liberados.

Mas na ação descrita acima ainda recai MAIS UMA incoerência. Diariamente é ressaltado que a função operacional é do APF. O EPF, apesar de ter treinamento para tal, não deve se dispor a ser operacional, pois, ao retornar à delegacia, ainda terá que fazer seu trabalho, que estará lá o aguardando e corre o risco de ser advertido por tê-lo deixado acumular. Então, se não é para atuar operacionalmente, para que perdem tempo se preparando para tal na academia com aulas de abordagem, de perseguição, de natação com salvamento e o diabo? Para que capacitar policiais para a ação, se os prendem atrás de uma mesa e dizem que “não da pra reestruturar os cargos”.

COMO PODE TAMANHA IRRACIONALIDADE, TAMANHA PERDA DE TEMPO?

QUAL O SENTIDO DE OBRIGAR PESSOAS A SE PREPARAREM PARA UMA FUNÇÃO QUE NÃO PODEM EXERCER?

Francamente, me cansei disso ,não por que o assunto se desgastou, ou por que desisti. Cansei-me de ver tudo isso sem saber onde vai dar.

Mas essas questões só nos trazem à luz do problema.

RECLAMAR PARA QUEM?

Quem manda? Quem decide? De quem deveria vir a reestruturação da Instituição, Do Ministério da Justiça, do Planejamento ou o DG? E a valorização dos cargos? Quem decide o piso da categoria, o Ministério Público, o Presidente ou “outro” cargo do DPF?

Em fim. QUEM PERDEU A POLICIA FEDERAL!