E se eu te disser que conheço esse olhar, que percebo logo sua alegria tonta de meia satisfação disfarçada quando me vê chegar? Às vezes, não preciso olhar para ver que você está me olhando. E eu quero tanto esconder minhas vulnerabilidades e agravantes. Mas você quer deitar e rolar em cima disso. E se eu te disser que quem está vulnerável é você, guerreiro? Te flagrei desviando um olhar tímido e teimoso, como se relutante em me perder de vista. Você estava procurando o que no fundo dos meus olhos? Você não sabe. Não sabe que está completamente desarmado. É tanta força pulsando violentamente nas tuas veias endurecidas e me espanto em ver teu coração tão exposto, sonhando fantasias ao sereno. Você, claro, vai querer jogar a culpa em mim. Vai dizer que foi aquele dia em que pedi sua ajuda para imobilizar com um esparadrapo um dedo da minha mão que doía ao movimentar-se. Eu vi com olhos de mulher a tua boca trêmula tão logo recuei com uma expressão de dor. Você pediu desculpas por ter pressionado sem querer o local lesionado, mas a sua voz já tinha mudado. Era tarde demais. Era triste demais. Contato físico demais: regra número um! O ferido é você, parceiro. Você está delirando. Caiu ardente de febre pela minha dor, não foi? Se você quiser eu assumo a culpa... Pronto. Mea maxima culpa. Só não me provoca, te imploro como quem faz uma prece. Deixa doer... Não comece o que você não dá conta de terminar e me perdoe, mas não vou colocar poesia nenhuma neste texto.