Os caminhos da navalha.
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Os caminhos da navalha.



Outra daquelas brigas feias e eu pedi pra ele ir embora. Aquela hora nos relacionamentos em que você pensa "eu não sou maluca de continuar com isso". Ele foi mas já voltou e vocês foram poupados de mais um daqueles textos chorosos e desesperadamente dramáticos. Vou explicar. Não dá, amiga, pra você terminar um relacionamento e ficar em contato com o dito cujo senão não funciona, certo? Porém... ele tem que ver o filho dele, o que eu posso fazer? Saí de casa pra não ter que me encontrar com ele, mas ele sabe por quem os sinos dobram. Logo, dispensou a babá e disse que ficaria lá até eu chegar! É aí que complica o meu meio de campo. O bandido me vem com aquela camisa preta que eu adoro (tirem as crianças da sala!). Aquela em que ele fica lindo demais. Aquela camisa tem uma gola preta, sabe? A gola preta realça aquela parte do pescoço, da nuca, do paraíso onde o barbeiro raspa com a navalha pra determinar os limites exatos de onde eu me perco completamente. Maldita navalha. Eu só conseguia pensar na minha língua percorrendo os caminhos da navalha.
 
E aquele jeito como ele se senta no meu sofá? Eu deveria ter queimado aquela droga daquele sofá que se transforma num sofá-trono quando ele se senta lá com a pose de um rei. Até a sola do sapato dele, que fica visível quando ele cruza maravilhosamente bem a perna sobre o joelho da outra perna, fica perfeita naquele sofá. Pela-santa-mãe-do-guarda! Aquela criatura abre os braços sobre o encosto do meu sofá e sem querer eu vejo aquela parte interna do braço dele. É, aquela parte que foi feita para nós mulheres nos encaixarmos perfeitamente bem nessa obra divina que é o Universo. A manga da camisa preta em contraste com a parte interna do braço dele sobre o sofá da minha sala... e eu seeeeei que se eu olhar só mais um pouquinho... daqui a poucos segundos estarei prostrada perante Sua Majestade só aguardando ele dar o próximo comando. Você queria o quê? Só se eu... me jogasse pela janela.
 
Difícil explicar aquela noite. Só sei que ele estava falando não-sei-quê-lá do uniforme escolar do filho que já estava dormindo na caminha do quartinho dele. Foi o que eu entendi enquanto desviava o olhar, porque aquele perfume dele  que não pede licença pra invadir o meu espaço, já estava me embriagando... (munição que eu dei para o inimigo). Mas quando ele fez uma pausa no que estava falando e fez aquele negócio de passar a mão na barba, subindo pela nuca até chegar no cabelo,  eu me desconcentrei e olhei nos olhos dele ou será que olhei nos olhos dele e me desconcentrei? Bom, nesse momento eu soube que minhas forças acabaram. Daí em diante eu só conseguia ouvir o canto da sereia macho ou seria o canto do boto rosa? Nenhum dos dois. Era o canto da mula-sem-cabeça que sou! Não entendia mais palavra nenhuma do que ele estava dizendo. Só olhava o movimento perfeito dos lábios perfeitos dele falando blás-blás-blás. E no gesto mais condescendente do mundo, olhei o relógio e pensei... "Tá. Eu fico com ele só mais essa noite e amanhã a gente vê o que faz". Foi a melhor noite da minha vida.



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