O governo do Rio de Janeiro contará com o aparato militar da Marinha e a participação da Polícia Federal para a ocupação das favelas de Santa Teresa, na região central do Rio, e do Complexo do São Carlos, no Estácio, na zona norte, para a instalação de Unidades de Polícia Pacificadora (UPP). A ação ocorrerá no domingo, conforme anunciou o governador Sérgio Cabral Filho no início da semana.
A Marinha vai participar da operação de ocupação com os carros blindados para transporte de tropa M-113 e com fuzileiros navais. O comandante do Grupamento de Fuzileiros Navais, capitão de mar e guerra Yerson de Oliveira Neto, disse que a Marinha apoiou a ocupação das nove comunidades com 17 blindados e 150 fuzileiros navais, a maior parte com experiência na Força de Paz do Haiti.
A Polícia Federal deverá disponibilizar homens do Comando de Operações Táticas (COT). O superintendente da Polícia Federal no Rio, Angelo Fernandes Gioia, disse que a corporação está trabalhando no complexo de favelas de São Carlos com 110 homens, além de atuar também na área de inteligência, na troca de informações com as forças de segurança do estado do Rio. “Esse é um esforço em conjunto que tem como objetivo principal a retomada do território e oferecer à população do nosso estado segurança, porque esse é o grande débito que todos nós temos com a sociedade.”
Apesar do aparato, ao contrário da ocupação do Complexo do Alemão (zona norte), em novembro, não é esperada resistência por parte dos traficantes nem haverá efetivo do Exército, que ainda ocupa as favelas do Alemão e do Complexo da Penha, na zona norte da cidade, com a Brigada de Infantaria Paraquedista.
Ontem, dois dias após o anúncio do governador sobre a ocupação das favelas, um caminhão de mudanças com eletrodomésticos de luxo foi apreendido em um dos acessos ao Morro do São Carlos. O motorista disse aos policiais que foi obrigado por traficantes a levar o material para a favela da Rocinha.
Nas favelas de Santa Teresa, policiais do Batalhão de Choque não encontram mais resistência em suas rondas pelos acessos às favelas. Na quarta-feira, os policiais militares trocaram tiros com traficantes do Morro do Fallet. Ninguém ficou ferido e os moradores relataram que os traficantes passaram a andar sem ostentar armas.
O chefe do policiamento da Polícia Rodoviária Federal (PRF) no Rio, inspetor Stanley, disse que as forças de segurança também tinham preocupação com as saídas da cidade e, por esse motivo, a PRF reforçou o policiamento desde a última quarta-feira (2) nas estradas de acesso ao Rio de Janeiro, especificamente a ponte Rio-Niterói e a Rio-Magé, “buscando identificar possíveis fugas de traficantes do Rio para outras regiões do estado”.
A escola particular Centro Educacional Anísio Teixeira (Ceat), em Santa Teresa, adiou em um dia o início das aulas programado para segunda-feira com medo de tiroteios durante a ocupação. A Secretaria Municipal de Educação manteve o início das atividades das creches para o dia 7. As aulas do ensino fundamental começam apenas no dia 14. A Secretaria Estadual de Educação também não alterou o início do ano letivo do ensino médio nas escolas dos bairros onde ocorrerão as operações policiais.
As favelas que serão ocupadas em Santa Teresa estão localizadas nos morros dos Prazeres, Fallet, Escondidinho e Fogueteiro, com acessos aos bairros do Rio Comprido e Catumbi. No Complexo de São Carlos, as favelas do Querosene, Zinco, São Carlos e Mineira também serão ocupadas, além do Morro da Coroa, que fica no Catumbi.
Pela extensão da área, a previsão é que quatro UPPs sejam distribuídas pelas favelas com um efetivo total de pelo menos 700 homens, desde o dia da ocupação. Além do bairro turístico de Santa Teresa, algumas favelas, como o Morro da Coroa, ficam próximas a pontos importantes do Rio, como o Túnel Santa Bárbara, uma das ligações entre a zona norte a zona sul da cidade.
FONTE: ÚLTIMO SEGUNDO / IG