Recentemente voltei à Academia, local onde um dia descobri que havia nascido pra ser policial. Entrei pelo mesmo local de sempre, me lembrando de como eu destilava insegurança no meu primeiro dia como aluna. Ele descia as malas pesadas na portaria pra mim, mas era o peso daquela escolha dentre três aprovações em concursos públicos e o risco de Ele não poder me acompanhar após a conclusão do curso de formação, que eram os mais pesados pra nós dois. Nem deixei que Ele comemorasse o fato de não mais pagar as minhas contas, porque estava com medo de não conseguir atingir o nível exigido nos treinamentos. Esperei tanto a convocação para a matrícula, mas no dia “D” o pessoal da portaria viu uma mulherzinha relutante em sair de sua zona de conforto. Nasci policial naquele momento. Me lembro quando Ele, sereno, segurava minhas mãos geladas por puro nervosismo e tentava aquecer meus dedos. Tinha vindo comigo até a entrada da Academia, mas agora eu precisava entrar sozinha e quase chorei ali meus temores e ansiedade. Ele ria por dentro, eu sei. E nos despedimos juntos de uma fase que ficaria para trás quando eu entrasse. Mais um abraço demorado e atravessei a portaria. Os meses em que eu dormia com um leãozinho de pelúcia numa cama gelada, num quarto cheio de mulheres à beira de um ataque de nervos, passaram rápido. Entreguei-lhe novamente minhas malas e Ele as colocou de volta no carro, cheias de novidades, expectativas, saudades... Sabe aqueles momentos nos quais você tem certeza que é feliz?